quinta-feira, 21 de março de 2013

Um substituto para o maldito isopor

Ao cruzar o Oceano Atlântico, do Rio de Janeiro à ilha de Ascensão, durante 13 dias a bordo do veleiro Sea Dragon, tínhamos a missão de catalogar todo lixoavistado à superfície das ondas azuis. Além de recolher as mais variadaspartículas de plástico – boiando quase imperceptíveis, porém impactantes – capturamos dois ícones da poluição marinha: um emaranhado de rede de pescafeita de nylon e um pedaço de caixa de isopor.

É exatamente lá no mar, assim como nos rios e demais corpos d’água, que o isopor se transforma em vilão. Quimicamente, é um material composto apenas porcarbono e hidrogênio, dois elementos muitíssimo comuns, encontrados na maioria dos organismos, do nosso organismo inclusive. O que faz toda a diferença é como as moléculas de carbono e hidrogênio são artificialmente ligadas, de uma forma extremamente estável e não degradável.

Mesmo quebrado ou desfeito em pedacinhos, o isopor continua boiando sem se degradar. A estimativa mais usada aponta uma persistência no ambiente de 150 anos, mas tenho minhas dúvidas se é mesmo “só” isso. Para golfinhos, peixes,tartarugas e outros animais, aquelas bolinhas flutuantes parecem apetitosas. São ingeridas sem cerimônia, mas não são digeridas. Então ficam lá, no sistema digestivo, ocupando cada vez mais espaço, junto com outros plásticos, até faltar lugar para a comida e o animal morrer de inanição. Ou, se o pedaço é maiorzinho, capaz de parar logo no meio do caminho e matar por asfixia. Em poucas e boas palavras, o isopor não deveria parar no mar, nunca.

Mas para manter uma cervejinha gelada, ou garantir o sanduíche quentinho, ou conservar o suco do bebê fresquinho, ou proteger medicamentos do calor excessivo, ou embalar produtos frágeis e centenas de outras utilidades mais, o isopor é fantástico. É por isso mesmo que precisamos de um substituto mais ecológico para ele.

Um sério candidato na categoria isolante térmico surgiu em uma feira de Ciências de Ariquemes, em Rondônia, e começa a ganhar estrada, com a exposição na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), realizada na Universidade de São Paulo (USP), nesta semana. Trata-se de uma caixa térmica feita de fibra de buriti e calafetada com a seiva da própria palmeira, cujo nome científico é Mauritia flexuosa. O buriti, nunca é demais relembrar, é a palmeira-símbolo das veredas dos nossos sertões, sempre com o “pé” na água. É uma espécie abundante e muito produtiva, cujos frutos têm alto teor de vitamina A e são aproveitados em doces e merendas escolares.

Há 4 anos, o estudante Gustavo de Oliveira Bertão, então com 14 anos, fez uma caixa de fibra de buriti como projeto de Artes, na escola. Ele se inspirou nasembalagens artesanais tradicionais, usadas para conservar o doce de buriti na região, mas o formato de sua caixa assemelhava-se ao de um recipiente de isopor. Os colegas começaram a brincar, perguntando se ele não ia colocar gelo. Curioso, ele resolveu testar e observou que o gelo se conservava por um bom tempo.

Já no curso técnico agropecuário de nível médio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Gustavo (18 anos) montou um grupo de trabalho com Wanderson Novais Pereira (17 anos) e Lucas Pedro Cipriani (16 anos), sob a orientação das professoras de Química, Márcia Bay, e Biologia,Márcia Mendes de Lima, e com o apoio do professor de Sociologia, Oniel Sampaio. “Construímos um protótipo de caixa térmica de fibra de buriti, com volume de 3 litros, usando o pecíolo da palmeira, que é a base da folha, e fixando com varetas da folha em lugar de prego. Ainda impermeabilizamos com a seiva do próprio buriti, quer dizer, toda caixa é feita exclusivamente de buriti e sem derrubar, sem prejudicar a palmeira, só retirando a folha que já está para cair”, resume Wanderson.

Postado em 14 de março de 2013
Veículo: http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/Foto: Liana John
Leia na integra: http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/biodiversa/um-substituto-para-o-maldito-isopor/?utm_source=redesabril_psustentavel&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_psustentavel

terça-feira, 19 de março de 2013

Professores da rede estadual de Macapá iniciam oficina sobre florestabilidade

Assista a matéria do projeto Florestabilidade em Macapá, AP. A produção é da TV Amazon Sat.

 


O Florestabilidade é um projeto de educação para o manejo florestal, coordenado pela Fundação Roberto Marinho, em parceria com o Fundo Vale e o Serviço Florestal Brasileiro. Tem por objetivo despertar jovens para uma importante missão: a de se tornarem gestores da maior florestatropical do planeta. Em sua implementação nos Estados do Pará e Amapá, o Florestabilidade tem como parceiro o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), responsável pela organização das oficinas de formação de professores e acompanhamento do projeto nas escolas.

Para mais informações sobre o projeto acesse: http://www.florestabilidade.org.br/site/

Acordo põe fim a risco de conflito no oeste do Pará

Cooperados que exploram de maneira sustentável os recursos da Floresta Nacional (flona) do Tapajós assinaram com o Ministério Público Federal no Pará (MPF/PA) nesta quarta-feira, 13 de março, em Santarém, termo de ajuste de conduta (TAC) que regulamenta a forma como um grupo deles deixará de fazer parte de uma cooperativa. O TAC põe fim a uma situação tensa entre as famílias gerada pela redução da flona, medida contestada pelo MPF em 2012 por uma ação direta de inconstitucionalidade.

Pelo acordo, 55 integrantes da Associação dos Moradores e Pequenos Produtores Rurais de São Jorge, Santa Clara e Nossa Senhora de Nazaré (Aprusanta), que participavam da Cooperativa Mista da Floresta Nacional do Tapajós (Coomflona), receberão pagamento como gratificação pelos serviços que prestaram à cooperativa.

Além de representantes dos cooperados e ex-cooperados e do procurador da República Fernando Antônio Alves de Oliveira Jr., participaram da formulação do acordo integrantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e da Federação das Organizações e Comunidades Tradicionais da Floresta Nacional do Tapajós.

A flona do Tapajós foi reduzida em 2012 pela Lei 12.678. A Medida Provisória 558/2012, precursora dessa lei, foi contestada pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que ajuizou no Supremo Tribunal Federal (STF) uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI 4717) contra a medida.

Com a redução da flona, foram excluídas da unidade de conservação as comunidades de São Jorge, Santa Clara, Nova Vida e Nossa Senhora do Nazaré, justamente as localidades dos membros que compõe a Aprusanta.

“A edição da referida lei motivou a Coomflona a excluir, com base no seu estatuto, os representantes da Aprusanta, fato que desencadeou um cenário de potencial conflito, o qual culminou com a instauração de um inquérito civil público pelo MPF/PA”, registra o texto do TAC.

O TAC também informa que os representantes da Aprusanta, em geral, não são considerados como povos ou comunidades tradicionais, e, portanto, não são beneficiários diretos dos recursos naturais sustentáveis da flona.


Postado em 14 de março de 2013
Veículo: http://www.prpa.mpf.gov.br
Foto: http://www.prpa.mpf.gov.br
Leia na integra: http://www.prpa.mpf.gov.br/news/2013/acordo-poe-fim-a-risco-de-conflito-no-oeste-do-para

sexta-feira, 15 de março de 2013

Comunitários da Flona Tapajós poderão fabricar móveis com sobras de madeira manejada


Um estudo avaliativo do potencial de aproveitamento de resíduos da colheita florestal das atividades de manejo da Cooperativa Mista da Floresta Nacional do Tapajós (Coomflona), que é composta por comunitários da Unidade de Conservação, irá garantir o fornecimento de madeira de origem legal para a produção de móveis pelos comunitários da Floresta Nacional do Tapajós (FNT), e numa segunda etapa para a cadeia produtiva de móveis dos municípios de Santarém e Belterra, na região Oeste do Pará.

A pesquisa, intitulada “Quantificação e agregação de valor ao resíduo florestal para uso em movelaria na Florestal Nacional do Tapajós”, vem sendo desenvolvido por Renato Bezerra da Silva Ribeiro, ex-aluno da então UFRA Tapajós, em Santarém, hoje, UFOPA, e atualmente mestrando em Ciência Florestal da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Com supervisão do Prof. Dr. João Ricardo Vasconcellos Gama, do Instituto de Biodiversidade e Florestas (IBEF/UFOPA), os dados da pesquisa serão apresentados na UFOPA, no dia 12 de março, na sala 109 do Bloco de Salas Especiais, no Campus Tapajós, às 16h.

A ideia de maximizar o uso da madeira a partir do aproveitamento de 1.546,8 m³ de resíduos, isto é, de toda a “galhada” das 21 espécies da floresta, surgiu no ano de 2011, quando o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) incentivou a formação de um grupo de trabalho para desenvolver Ações de Apoio à Cadeia Produtiva Comunitária de Móveis na FNT. “Foi dentro deste grupo que nós decidimos desenvolver uma metodologia que fornecesse informações técnicas e seguras para o manejo deste resíduo. O estudo e o interesse da Coomflona casaram com a minha entrada no curso de mestrado”, lembra Renato Ribeiro.

Segundo Dárlison Andrade, analista ambiental do ICMBio na Floresta Nacional do Tapajós, o grupo de apoio às movelarias percebeu algumas necessidades urgentes quanto ao uso da matéria-prima florestal por parte dos comunitários. “Eles precisavam de matéria-prima com origem legal para trabalhar em suas movelarias. Por conta disso, viabilizamos, dentro do plano de manejo da Coomflona, que já está licenciado há mais de sete anos, a possibilidade de trabalhar o resíduo da colheita florestal. Então, junto com o Renato e com o João Ricardo, pensamos este estudo, que poderá, em curto espaço de tempo, gerar informações e indicadores que permitam o aproveitamento do resíduo florestal com viabilidade econômica e ambiental”, explica o analista.

Postado em 12 de março de 2013
Veículo: http://www.ufopa.edu.br
Foto: http://www.ufopa.edu.br
Leia na integra: http://www.ufopa.edu.br/noticias/2013/marco/comunitarios-da-flona-tapajos-poderao-fabricar-moveis-com-sobras-de-madeira-manejada

sexta-feira, 8 de março de 2013

Justiça florestal pelas próprias mãos

Uma comunidade indígena brasileira decidiu fazer cumprir a lei com suas próprias mãos, ao enfrentar madeireiros ilegais que entram em suas terras em busca de valiosas madeiras. Uma nova modalidade de corte se concentra em terras indígenas, ricas em espécies madeireiras e cuja população se torna alvo de madeireiros ilegais, que apelam tanto para o suborno quanto para a ameaça.

O episódio mais recente aconteceu no final de janeiro, na terra indígena Governador, no sudoeste do Maranhão, perto da cidade de Amarante e a 900 quilômetros da capital São Luís. Nesse lugar que marca o limite da Amazônia oriental, nativos do povo pukobjê-gavião confiscaram quatro caminhões e um trator com quase 20 metros cúbicos de troncos de ipê-amarelo (Tabebuia chrysotricha) e sapucaia (árvore do gênero Lecythis).

“Cansamos de denunciar e então decidimos tomar nossas providências. Víamos os caminhões dentro da reserva. O que aconteceria se não fizéssemos nada?”, perguntou o cacique Evandro Gavião, da aldeia Governador, uma das seis tribos pukobjê-gavião dessa terra indígena. O jovem líder de 24 anos conversou por telefone com o Terramérica enquanto estava reunido com chefes de outras aldeias para discutir um plano de monitoramento e proteção da reserva.

Segundo Gavião, a comunidade havia denunciado em 2009 o desmatamento em suas terras, que incluam uma área de transição entre a Amazônia e o bioma Cerrado e, por isso, são ricas em espécies como ipê-amarelo e sapucaia, aroeira (Schinus terebinthifolius), copaíba (Copaifera sp.) E cerejeira (gênero Amburana). “Mas as árvores estão acabando”, lamentou.
Segundo o capítulo brasileiro do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), a extração ilegal de madeira está intimamente ligada à construção de estradas e aos movimentos migratórios. O acesso viário facilita o ingresso na floresta.

Postado em 06 de março de 2013
Veículo: http://amazonia.org.br
Foto: Gilderlan Rodrigues/Cortesia Cimi
Leia na integra: http://amazonia.org.br/2013/03/justica-florestal-pelas-proprias-maos/



Onda Verde do Ibama apreende balsas e desmonta esquema de extração de madeira em área de preservação de Anapu, no Pará

O Ibama apreendeu seis balsas carregadas com dois mil m³ de toras (o equivalente a 80 caminhões cheios), quatro rebocadores e dois tratores com pás-carregadeiras, esta semana, durante a Operação Onda Verde, em Anapu, no oeste do Pará. Avaliados em cerca de R$ 10 milhões, o maquinário e as embarcações faziam parte de um esquema armado para explorar madeira nas florestas de preservação permanente nas margens do rio Pacajá e esquentar o produto com documentos de um plano de manejo em Baião.

O empreendimento, segundo o Ibama, emitiu Guias Florestais de venda para mais de 11 mil m³ de madeira amazônica. O instituto já bloqueou o empreendimento no Sisflora, o sistema eletrônico estadual que controla a compra e venda de produtos florestais no Pará, impedindo seu acesso ao mercado. Os donos das balsas apreendidas foram autuados em cerca de R$ 600 mil. As autuações para o plano de manejo podem chegar a R$1,5 milhão, dependendo da análise final do projeto, incluindo entre os autuados o engenheiro florestal encarregado pelo empreendimento. Todos os envolvidos ainda responderão civil e criminalmente pelos danos causados ao meio ambiente.

Postado em 01 de março de 2013
Veículo: http://www.ibama.gov.br
Foto: Ascom Ibama/PA
Leia na integra: http://www.ibama.gov.br/publicadas/onda-verde-do-ibama-apreende-balsas-e-desmonta-esquema-de-extracao-de-madeira-em-area-de-preservacao-de-anapu-no-para