segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Estado cede 500 mil hectares para manejo

As comunidades agroextrativistas de Portel, na região do arquipélago do Marajó, que há mais de 30 anos travam batalha contra grileiros de terras e madeiras ilegais que derrubam a floresta para obter lucro fácil, acabam de ser beneficiadas por um decreto de afetação - que significa conferir destinação pública a um determinado bem, caracterizando-o como bem de uso comum do povo ou bem de uso especial, por meio de lei ou ato administrativo – das glebas Joana Peres II, Jacaré Puru, Acangatá, Alto Camarapi e Acutipereira, totalizando mais de 500 mil hectares para fins de ordenamento fundiário e ambiental. Mais de 4 mil famílias que vivem na região serão beneficiadas pelo decreto, assinado pelo governador Simão Jatene e publicado no Diário Oficial do Estado do último dia 31.

As terras, segundo o decreto, terão uso restrito ao manejo florestal comunitário e familiar, caça e pesca de subsistência, além da agricultura de subsistência em áreas alteradas, com transição para sistemas agroflorestais e agroecológicos. O Instituto de Terras do Pará (Iterpa) teve de fazer a arrecadação das áreas devolutas para que o Estado promovesse a destinação em favor das famílias de agricultores e pescadores. A próxima etapa do ordenamento fundiário será a elaboração dos planos de uso dos territórios e cadastramento das famílias pelo Iterpa.

Durante o processo de discussão com as comunidades de Portel sobre os problemas da região, o diretor geral do Instituto de Desenvolvimento Florestal do Pará (Ideflor), José Alberto Colares, reconheceu o débito social e econômico do Estado para com o município. As lideranças dos moradores sempre enfatizaram que a exploração florestal deveria ficar nas mãos dos povos tradicionais através da criação de reservas ou outro mecanismo de regularização fundiária.

O advogado Ismael Moraes, que defende as comunidades da região, disse que o atual governo, especialmente nas pessoas de Colares e dos diretores Tiago e Daniel Francez, da equipe do Ideflor, quita uma “dívida secular do Estado com aquelas comunidades”. Ele também destaca o trabalho e a persistência do líder comunitário e sindicalista Francisco Rodrigues de Melo, o “Cametá”. De acordo com Moraes, o governo também pode a partir daí preparar uma estratégia para debelar pelo menos uma parte dos efeitos socioambientais da construção de hidrelétrica de Belo Monte.

Veículo: http://www.diariodopara.com.br/
Publicado: 04 de novembro de 2012
Leia na íntegra: http://www.diariodopara.com.br/N-162666-ESTADO+CEDE+500+MIL+HECTARES+PARA+MANEJO.html

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