Ontem, a manchete de capa do jornal O Estado de S. Paulo informava que o governo pretende reduzir a Floresta Nacional do Jamanxin, no Pará, para resolver questões fundiárias. O artigo repercutiu entre ambientalistas e a imprensa. Afinal, trata-se de uma das maiores florestas nacionais do país, com 1,3 milhão de hectares. A possibilidade da sua redução, como aconteceu com as UCs do rio Tapajós, é um alerta para a situação de outras unidades de conservação do país, que também vivem conflitos agrários dentro de suas extensões. Entretanto, o assunto é antigo e já foi coberto pelo ((o))eco previamente. Mais ainda, há obstáculos substanciais para que o governo recorte Jamanxin.
A Floresta Nacional do Jamanxin foi criada em 2006, dentro de um pacote ecológico de 2,8 milhões de hectares que o governo usou em reserva para combater o desmatamento ao longo da rodovia Cuiabá-Santarém, a BR-163. O processo de criação foi iniciado pouco depois da morte da freira americana Dorothy Stang, em fevereiro de 2005, e levou quase um ano. A demora foi por conta da disputa entre o Ministério de Minas e Energia e o Ministério do Meio Ambiente. O MME queria que uma área com potencial para mineração fosse excluída de seus limites. A ministra Dilma, então na pasta da Casa Civil,arbitrou a disputa em favor do MMA e a unidade foi criada.
A Flona de Jamanxin, imensa em extensão, continuou sendo superlativa nos problemas: desmatamento, queimadas, ocupação de posseiros e criação de gado, tudo dentro de uma área que deveria ser de proteção ambiental. O município do Novo Progresso, no Pará, onde fica a floresta, está no topo da lista de campeões de desmatamento do INPE. Em agosto de 2009, a repórter Andreia Fanzeres, em ((o))eco, comentava a pressão para o governo reduzir o tamanho de Jamanxin. A redução era estudada pelo governo, que mandou os técnicos do ICMBio irem a campo.
O relatório Estudo Técnico de Revisão dos limites da Floresta Nacional do Jamanxim, concluído no final de setembro de 2009, apresenta os conflitos e alternativas para a implementação efetiva da UC. Lá se afirma que:
“Baseados nas informações de campo e nos dados secundários levantados concluiu-se que a Flona Jamanxim não deve ser alvo de desconstituição ou mesmo de drástica redução. Isto levaria a um recuo de estratégia governamental de conservação que traria consequências ambientais imprevisíveis não só para a própria área da Flona, mas também para várias outras unidades de conservação da Amazônia, invariavelmente sofrendo de pressão fundiária, invasões e interesses políticos”.Em suma, o relatório descarta a redução drástica como política de gestão da unidade.
Problemas agrários na unidade não faltam, principalmente, a introdução de gado, que avança sobre a floresta. A tentativa de combater o desmatamento dentro da Unidade de Conservação deflagrou duas Operações Boi Pirata, do Ibama. Oitocentas cabeças de boi e duzentos carneiros foram apreendidas dentro da Flona Jamanxim, em 2009, durante a operação Boi Pirata II, que embargou 50 mil hectares de áreas com desmates ilegais.
Veiculo: http://www.oeco.com.br
Publicado em 17 de julho de 2012
Leia na integra: http://www.oeco.com.br/salada-verde/26255-jamanxin-inteira-apesar-dos-problemas-fundiarios?utm_source=newsletter_444&utm_medium=email&utm_campaign=as-novidades-de-hoje-em-oeco
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